" Caxinas e o Mar": Localização das Caxinas

sábado, 15 de março de 2008

Localização das Caxinas

Caxinas encontra-se voltada para o imenso mar, a 26 kms. da cidade do Porto, estando ligada por estrada a todo o país. Tendo de um lado Vila do Conde, à qual pertence por direito total e, por outro lado, a Póvoa de Varzim, servindo esta para sobrevivência dos caxineiros, pois é aqui que se situa o seu porto de pesca. Prendada de uma praia admirável, da qual desfrutam muitos banhistas no Verão.

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Curiosidades.....

• As alcunhas dos pescadores Caxineiros derivavam, na maior parte, de casos de defeitos fisicos ou de características particulares das pessoas. Podemos, mesmo afirmar que nas Caxinas, não existe família que não possua uma alcunha (exemplo: Mija Doce, Cascão, Fama, Cagaçal, entre muitas outras ).

• A apanha do Sargaço, ou algas marinhas que servem para os homens adubarem os campos, é praticado especialmente pelas valentes mulheres Caxineiras, uma vez que estas arriscavam muito pois aventuravam-se a “furar” as ondas para a apanha do sargaço.

• Outra actividade marítima praticada pelos caxineiros é a apanha do pilado. Por um lado, o pilado (uma espécie de caranguejo), é um óptimo adubo para a agricultura e por outro um optimo pestico. A pesca do pilado é feita por pescadores proficionais.

• A capela da Nossa Senhora dos Navegantes começou a ser construida a 1887 e alguns anos depois estava concluída, possuindo esta a forma de um barco,sendo assim símbolo de fé para os pescadores.

"Oração da manha"

«Bendità sej’à luz do dia,

Bendito sej’à quem cria,

Bendito sej’à ò santo nomi

E o filho da Birge Maria

Ò Anjo da minha garda gardade-me,

Di noiti a mais dià.

Ao Santo do meu nomi,

Ao Santo dêsti dia:

Padri-Nosso, Abè-Marià.»

Esta é uma das orações feitas pelos pescadores Caxineiros logo pela manhã. É de se notar que os caxineiros são pessoas bastantes apegadas à religião, especialmente em horas de aflição.

O Homem e a Mulher Caxineira

O Homem das Caxinas pode-se definir como: simples, valente, poeta e filósofo, melancólico e sonhador, muito religioso, fraterno e generoso, tempestivo no momento de fúria, mas cordeiro e humano, honrado e supersticioso, bom chefe de família e trabalhador.
Os caxineiros, têm muita honra de o ser, detêm um linguarejar próprio, muito interessante e curioso.
Os homens caxineiros usam camisa, ceroulas, camisete, samarra e cobrindo a cabeça uma gorra ou um boné.

A mulher caxineira, é como se fosse o homem na terra. É ela que carrega com o peixe para a lota, é ela que recebe o dinheiro, paga impostos, etc. É portanto, a zelosa administradora, além de mãe extremosa e de hábil no arranjo doméstico. Compete a ela ainda a lavagem, secagem e amanho das redes, as contas da companha, e a ajuda que dá ao homem no concerto das redesAs mulheres caxineiras mantêm a usança da camisa, colete, saia, saiote, avental, blusa e chaile, este, por sua vez, é dobrado em bico, traça à frente e vai, por fim, atar nas costas, cobrindo a cabeça com lenço de cor discreta, que cobre a testa e se prende na nuca. Estas andam quase sempre descalças, calçando na época de frio, meias de lã grossas e os inseparáveis socos. Nas orelhas usam argolas. No peito, cordões de oiro, pendendo deles sobre o peito, medalhas e a inseparável fiaga, por causa dos maus olhados.

Entrevista a Carolina Maio

Nome: Carolina Rodrigues Maia

Idade: 72 anos

Residência: Caxinas, Vila do Conde

Habilitações literárias: Nenhumas

Nasceu nas Caxinas? É natural desta região?

R: “Não. Não nasci nas Caxinas. Nasci na Povoa do Varzim, mas toda a minha infância foi passada nas Caxinas e foi aqui que sempre vivi.”

O seu marido é pescador? Tem família ligada ao mar?

R: “Sim, o meu marido foi pescador, e os meus antepassados estão ligados ao mar...”

Quantos filhos têm?

R: “Tenho oito filhos, mas neste momento nenhum exerce a profissão de pescador, não estão ligados ao mar!”

Quando o seu marido ia para o mar o que fazia em terra?

R: “Quando o meu marido ia para o mar, eu comprava e vendia peixe, e também tomava conta dos meus filhos e da casa.”

Já apanhou algum susto quando o seu marido estava no mar?

R: “Não, felizmente nunca apanhei nenhum susto em relação ao meu marido! Ele costumava ficar 6 meses fora na apanha do bacalhau, e felizmente nunca apanhei nenhum susto com ele!. Mas perdi um irmão no mar! Desapareceu e nunca mais soubemos dele!”

Para além da vida doméstica em casa, também vende o peixe?

R: Claro, se não quem vendia? (risos)

Frequentou a escola até que idade? Gostava de ter continuado?

R: “Nunca andei na escola, mas gostava muito de ter estudado. Naquela altura os meus pais não tinham dinheiro para eu e os meus irmãos estudarem.”

Vende bem o seu peixe?

R: “Sim. Felizmente vendia o meu peixe muito bem! Tinha muito jeito para isso. Gritava bem alto para toda a gente me ouvir a mim e não ás outras mulheres que lá estavam. (risos)”

Como é que sabe a que preço vender o seu peixe?

R: “O preço do peixe dependia da qualidade do peixe. Por exemplo, na lota um peixe valia x nós vendia-mos, fora da lota um bocado mais caro.”

Qual o peixe que melhor vende?

R: “A sardinha ou chicharro entre outros. Aqui nas Caxinas são os peixes mais apreciados.”

Os seus filhos seguiram com a profissão de pescador?

R: “Não. Só o meu filho mais velho, mas tinha sempre muito medo por ele.”

O que acha da qualidade de vida dos pescadores?

R: “ Era uma vida muito complicada, passávamos por imensas dificuldades (ex: fome)”

15. Imaginar-se-ia com outra profissão completamente diferente?

R: “Agora que me perguntaram, acho que não, mas se tivesse tido outras oportunidades quem sabe…”

Em quê que ajudava o seu marido depois de vir do mar?

R: “Quando o meu marido vinha do mar, ajudava-lhe a descarregar o pescado, com as redes, fazia-lhe um bom jantar e tratava das suas roupas, para além das minhas tarefas habituais de mulher (lida da casa e cuidar dos filhos)”

A que horas se levantavam?

R: “Muito cedo, ainda era de noite.”

Já recebeu alguma notícia menos boa em relação ao seu marido quando este se encontrava no mar?

R: “Não. Em relação ao meu marido não!”

Tem antepassados ligados ao mar?

R: “Sim, toda a minha família está ligada ao mar.”

Descreva o seu dia a dia.

R: “Ia para Aguçadoura vender o meu peixe, e lá davam-nos fruta, comida. Quando não ia vender o meu peixe ficava em casa a tomar conta dos meus filhos.”

sábado, 15 de março de 2008

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